domingo, 13 de outubro de 2013

The Merchant and the Alchemist's Gate de Ted Chiang




 Breve resumo da história: 

Fuwaad ibn Abbas é um comerciante de tecidos que, num belo dia, procura um presente para um parceiro de negócios, numa zona comercial em Bagdad. Nesta procura descobre uma nova loja com uma variedade de artigos bastante interessantes. Impressionado com a qualidade e características dos artigos expostos Fuwaad conversa com o proprietário, Bashaarat, e descobre que este é o criador de todos os objectos fantásticos expostos na sua loja.

A determinada altura Bashaarat convida-o para ver um aparelho, criado por ele, que se encontra nas traseiras da loja e Fuwaad encontra um aparelho constituído por um arco de pedra negra misteriosa. Este aparelho, segundo o informa o seu autor, permite fazer viagens no tempo, quer ao passado, quer ao futuro. Uma pessoa pode viajar no futuro e conhecer o seu próprio “eu” mais velho. Perante a hesitação de Fuwaad, Bashaarat conta-lhe três histórias de pessoas que já viajaram no futuro através daquela “porta”.

Convencido deste fantástico aparelho, Fuwaad não quer viajar no futuro, mas sim no passado, 20 anos atrás para tentar corrigir um erro que cometeu. Sabendo que o negociante tem um outro portal, que permite viajar no passado, no Cairo, desloca-se de imediato para aquela cidade. 

A minha opinião: 

Este pequeno conto foi a minha estreia com Ted Chiang. E confesso-vos que adorei. As histórias surgem, através do portal do tempo, dentro da história principal em que Fuwaad ibn Abbas é o protagonista. Faz-nos recordar os ambientes das Mil e Uma Noites, mas algo mais futurista, mais ambicioso em termos de ficção.

A escrita é na primeira pessoa, uma vez que tudo começa com o nosso protagonista preso pela guarda do califa e a contar a história que lhe aconteceu, ao próprio califa. Uma escrita extremamente agradável, cativante, e sobretudo muito bem redigida.

As viagens no tempo mostram as personagens mais velhas ou mais novas do que na vida real, mas Chiang soube, com muita mestria, conjugar a possibilidade de alteração dos factos ocorridos em diferentes tempos, com a conservação da capacidade de decisão individual. 

São as pequenas histórias entrelaçadas na história principal, que levam a que, nós leitores, fiquemos a pensar qual o poder, que face a uma possibilidade de nos deslocarmos a um passado ou futuro, poderíamos ter na alteração dos acontecimentos e quais as implicações que essas possíveis alterações poderiam ter em nós. É claro que isto não passa de utopia, mas quantas vezes já pensámos: “Se pudesse voltar atrás, não faria isto ou aquilo da mesma maneira!”

Resta-me dizer que este conto ganhou vários prémios internacionais, nomeadamente foi vencedor do Prêmio Nebula 2007 na categoria novela, vencedor do Hugo Award 2008 na categoria novela, e ficou entre os finalistas para BSFA Award 2007 na categoria ficção curta.

É pena que alguém com tanto talento, não mereça o respeito por uma qualquer editora portuguesa a fim de que as suas obras sejam publicadas na nossa língua. Bem sei que os contos não são dos géneros literários mais lidos em Portugal, mas mesmo assim acho que seria uma excelente aposta.

Quero ainda referir, que será um escritor do qual irão certamente ver mais comentários meus, porque me conquistou seguramente. 

O próximo será “Understand”.